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O Brasão - Coração Gelado


Henrique Moura

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Coração Gelado





Até as manhãs nasciam cinzentas. Aqueles tempos difíceis afetava à tudo e todos. Não haveria nada, criado pelo homem ou pelos deuses que resistiriam o rigoroso e negro inverno que surpreendeu o mundo naquela manhã.

 

Ele acordou cedo, e olhou para o vasto horizonte cinzento e sem sinal de vida. Era outra jornada que lhe esperava, e ele sabia que, quanto mais perigoso, assustador, tenebroso ou tortuoso fosse, mais ele se adaptaria. O jovem Niddar era como todos os outros, mas nunca igual a ninguém.

A sua forma alta, musculosa e seu olhar extremamente límpido e cristalino o fazia uma figura um tanto quanto venusta. Seu modo de conversar agradável, sua voz macia e seu jeito de lidar com as pessoas escondiam de modo bem-feito sua mente assombrosa. Era mais um dia de jornada, na qual nem ele mesmo sabia se teria um fim.

Já teria passado mais de anos fora de casa, e não se lembrava mais qual foi a sua ultima refeição respeitável. O tempo o cansava.

 

Arrumou todo o acampamento, que apesar de bem feito não resistira muito as nevascas e tempestades da noite, que assolaram todo o leste. Colocou suas botas de couro, toda revestida por um pelo resistente de urso, que mantinha seus pés aquecidos. Sua malha fina de couro revestida de um aço extremamente confortável e seu casaco, igualmente de um pelo resistente, macio e liso. Levantou-se e encheu seu odre com um pouco da água quente que ainda fervia no pequeno caldeirão improvisado sobre a fogueira que se apagava aos poucos conforme a neva ficava mais furiosa e entrava na pequena caverna onde montara seu acampamento. Então pegou sua espada e a embainhou, colocou suas duas adagas bem polidas e bem afiadas que até mesmo a neve densa poderia cortar.

Estufou o peito, recolheu suas coisas e pegou sua mochila. Sua capa longa que passava muito dos pés arrastava a neve encobrindo as pegadas que ele deixava para trás, e seus cabelos loiros longos voavam a cada passo que ele dava.

 

O frio apertava, mas pouco ele sentia. Seu coração gelado já perdera as emoções a muito tempo, agora era ríspido consigo mesmo. Um lobo da neve, solitário e impiedoso.

 

A cada passo pesado porém macio sobre a neve estremecia toda a pequena área que seu pé tocava, a nevasca estava cada vez mais forte e ele se questionou se era seguro continuar.

 

Logo a frente, sobre uma arvore, havia uma coruja que o olhava incessantemente. Seus olhos estavam fielmente fixados nos passos de Niddar, e os olhos de Niddar se fechavam devido a força da neve. Num lance rápido, ele puxou sua adaga e arremessou contra a coruja, que teve seu peito perfurado. Ela caiu de cima da árvore, e escorregou entre a neve do chão até que caiu em um buraco. Niddar correu e antes que pudesse chegar perto do buraco caiu propositalmente e escorreu até ele. Com tamanha habilidade, ele entrou no buraco, que agora já se parecia mais com uma entrada para algo maior e retirou a adaga da coruja.

 

Seus olhos sequer piscaram quando ele ouviu o estalar dos ossos da bela coruja da neve, sendo apertados por suas fortes mãos. Apesar de ter perfurado a coruja, a adaga estava limpa, havia sequer um pingo de sangue. A pureza daquele animal era invejável.

 

Rapidamente ele montou uma fogueira e aqueceu o pequeno caldeirão.

Adormeceu encostado numa rocha gelada. Havia uma estalactite na caverna onde estava que, de pouco em pouco pingava sobre o chão, formando uma poça de água. Ele acordou com o barulho de mais um pingo sobre a poça. Os seus olhos sábios rapidamente notou que esta era a única estalactite que derretia, e por mais estranho que seja, a água que caía era cristalina e límpida e refletia um brilho belo e anormal.

 

Saboreando sua refeição, ele não tirou os olhos da estalactite por um segundo. Quando colocou sua cabeça para fora do buraco, pode notar que a neve estava ainda mais forte. Não poderia continuar naquelas condições, e então desceu novamente à caverna.

 

Para sua surpresa, sua espada havia sumido, assim como suas adagas. A fogueira, o caldeirão e tudo que havia deixado havia sumido. O panico provavelmente tomaria conta de qualquer pessoa, mas não de Niddar. Em passos calmos ele andou no escuro se esgueirando na parede de gelo da caverna, que parecia diminuir. Na imensidão negra, ele só pode notar uma poça de água cristalina, que parecia refletir toda a caverna porém iluminada. Ele então continuou caminhando em direção a poça, até que uma voz vinda na direção contrária o alertou.

 

_Não vá! É um elemento, ele está te atraindo para uma armadilha!

 

Ele se virou na direção da voz, mas então um turbilhão de água o atingiu pelas costas, que rapidamente foi se transformando em gelo e tornando toda a caverna submersa. Seus olhos, límpidos e cristalinos como o do gelo, foi a unica coisa que se mexeu durante algum tempo. Até que cessaram e se enegreceram, junto com a sua esperança.

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Obviamente Perfect, parabéns estou começando a ficar acostumado a Ler suas Historias, espero que continue assim :p

Editado por Beeki
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Manolito, ficou ótima como todas, criativa e instigante. Tem o ar de suspense que prende a leitura, teve dois erros que eu percebi e falo amanhã no msn.

 

Parabéns, manteve o padrão dos contos :)

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