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Contos de um Velho Aventureiro (CAPÍTULO 2 - Os Ratos)


Gabriel Couto

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A aventura teve cada dificuldade maior que a outra, principalmente fora dos muros da Fortaleza. Mas como eu disse, o único meio de sair era pelos bueiros e lá surgiu, ou melhor, surgiram, meus primeiros problemas. Como você deve sabe, caso tenha alguma inteligencia, os bueiros estão no subsolo, e por isso são escuros. Afinal a luz não chega lá, não é difícil entender, se esforce aí.

 

Caso esteja se perguntando das magias de fogo que utilizamos hoje como fonte de luz, saiba que na época os nossos magos e bruxas não eram tão desenvolvidos e o único meio de iluminação eram as tochas. Sim, tochas que hoje são desprezadas e utilizadas somente pelos mais pobres; Naquela época o castelo do rei era rodeado por elas, a minha casa também e a sua provavelmente também seria, se fosse da época.

 

Porém, apesar da minha audácia em roubar uma das lanças que o meu pai havia feito, não fui inteligente o suficiente para lembrar de algo para iluminar o caminho. Como o bueiro mais próximo da minha casa era no centro da capital do Império, foi muito complicado passar despercebido pela multidão. Quando eu lembrei que precisava da tocha, era tarde demais e resolvi não voltar.

 

Por algum motivo, todas as entradas do sub-solo ficavam acima do nivel do terreno da cidade, não muita coisa, no máximo três metros. Eram fechadas por um círculo com grades de ferro grossas de cima à baixo. Eram muito pesadas e é claro que eu nem poderia ter tentado levantá-las. Eu era bem magro na época, ainda não tinha a barriguinha que sustento hoje, e a única saída foi tentar passar pelo meio de duas barras de ferro. Com alguma dificuldade e um medo tremendo de ser pego ou ficar entalado, consegui me enfiar no buraco.

 

Mas, se você está atento ao que escrevi, deve estar perguntando: “Se a altura em relação ao terreno era mais de três metros, como ele se soltou das grades? Afinal, provavelmente o chão do bueiro era mais abaixo ainda!” - é claro que isso também foi pensado pelos planejadores da época, para o caso de ser necessário o uso dos bueiros (não me pergunte como).

 

Nesse espaço de três metros havia um tipo de câmara em forma cilíndrica, assim como o “cano” da entrada do bueiro, que era enorme. Era uma continuação na verdade, tente imaginar aí. Essa câmara tinha uma escada e por ela que eu desci ao bueiro de verdade. Porém, três metros ainda continuam sendo uma altura bem considerável, principalmente se você é uma criança ainda. Se você considerar o meu tamanho com os braços levantados (eu estava me segurando aos canos com os braços esticados), a queda não foi tão grande assim, talvez um metro e alguma coisa, perto dos dois metros. Quando eu soltei os dedos, conseguí cair em pé. Doeu um pouco, mas nada que eu não pudesse aguentar. “As porradas que levaria dos meus pais quando voltasse para casa doeriam menos”, era o que eu pensava. E doeram mesmo.

 

Mas falta muito ainda dessa história de criança até a minha volta pra casa, falarei disso depois. Como em qualquer bueiro de hoje, na época era infestado por ratos. Não eram como os de hoje, eram pelo menos o dobro do tamanho e em algumas épocas do ano eles subiam às ruas e causavam confusão, era horrível. Então, pense nos ratos que você vê hoje e imagine-os com o dobro de tamanho; não chega nem perto dos ratos mutantes que criaram aí, mas tinham até uns 60 centímetros, muita coisa, meu amigo!

 

Estava em uma época em que os ratos não infestavam a parte de cima de sua linda e humilde casa, então eu podia esperar um monte deles. Mas eu esqueci de citar que os bueiros eram divididos em andares, e maioria dos bichos ficavam lá pros mais fundos, e eu só precisava andar em um deles, que era o mais próximo ao “térreo”, digamos assim.

 

Naquela época, além do tamanho maior, eram bem mais agressivos que os de hoje, então eu poderia esperar um ataque, e foi com essa mentalidade que eu comecei a andar após sair da câmara pela qual entrei no subsolo. Você deve estar se perguntando agora como era a minha visão naquele local, já que esqueci da tocha. Fique menos preocupado, praticamente a cada 5 metros existia um tipo de abertura pequena com grades que deixava a luz passar. Era o suficiente para eu me locomover com mais tranquilidade e também pra evitar que eu caísse andares abaixo.

 

Por alguns minutos eu consegui andar sem ser incomodado por nada além do fedor de esgoto, que, para falar a verdade, nem era tão forte na altura em que eu estava. Acredito que já era metade do caminho quando eu comecei a ouvir alguns ruídos dos ratos. Eu já conhecia, pois tinha passado por algumas épocas de infestação. Mais alguns metros e encontrei alguns, não consegui contar quantos por conta da fraca iluminação.

 

Decidi que seria inteligente e não atacaria, eu queria evitar problemas ali, pois não tinha para onde correr caso entrasse em verdadeiro apuros. Eu era um pouco maluco, mas não era burro. Porém, essa decisão não coube à mim; Apesar de ter tentado passar despercebido, quando eu me espanto, um rato já estava perto de mim e mordeu a região do calcanhar. Por sorte, os dentes (dentes? não sei!) pegaram somente na minha calça e a rasgaram. Não posso dizer que não fiquei irritado pela calça.

 

Pra falar a verdade, só percebi mesmo a minha reação quando eu vi o rato voando longe. Quase caí no chão quando praticamente dei um coice no coitado e me preparei para o caso dos outros atacarem também. É claro que eles reagiram, eram selvagens! Acertei a lança na cabeça de um e consegui chutar outro para longe, eu parecia um dançarino desengonçado afastando os bichos. Eu era pequeno, mas conseguia conter aqueles.

 

O grande problema foi o barulho. Toda aquela agitação chamou mais ratos, muito mais, eu conseguia ouvir de longe eles chegando e resolvi entrar em ação e virar o herói do dia: “CORREEEEE” foi o que eu pensei na hora e foi isso que eu fiz. Não voltei por onde tinha vindo, continuei em frente até chegar ao que eu imaginava ser a outra câmara, pois o formato era parecido e havia mais luz. Subi a escada e olhei para baixo: Contei pelo menos 15 ratos enormes tentando subir. Apesar de eu ter falado que eles eram grandes e agressivos, eles não subiam escadas, caso tenha imaginado essa possibilidade.

 

Quando recuperei o fôlego, olhei pra cima e percebi que já estava fora dos muros, pois havia vegetação e árvores por perto. As câmaras do lado de fora da Fortaleza eram na mesma altura da terra e tinham escadas também para subir até a grade (não me pergunte o motivo das diferenças). Subi as escadas e passei novamente pelas grades, finalmente eu estava fora do bueiro.

Continua no capítulo 3....

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Fala manolo,

 

É bom ver que ainda existe um pessoal interessado no roleplay. Eu particularmente, acho muito interessante a narrativa em primeira pessoa, que você usou. Só precisa ficar mais atento no uso das vírgulas e acentuação de algumas palavras. Mas partindo do princípio, que se a mensagem foi "entendida" pelo receptor, não existem erros.

 

Achei muito boa a maneira que está contando os detalhes sobre rook, na hora em que comecei a ler já vieram várias lembranças. Está de parabéns e se puder dá uma lida no meu texto, até mais!

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achei a história muito interessante, apesar de não ter lido a parte 1. entretanto achei o texto longo, por hora canssativo. talvez a adição de imagens realçasse todo o escrito e ainda torna-se-ia (a história) mais prazerosa de ser lida, cujos intervalos de admiração às imagens seriam prestigiados como um grande incentivo a imaginação e a espera dos eventos que se adiantam logo a frente, evitando o desgaste e até uma possível desistencia à leitura.

Editado por Newnotwen
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